Falaí.
Cara, muito interessante. Eu gosto da maneira que cê trabalha os elementos dos seus filmes. Dá uma estética muito bacana. Mas nesse aí, o que me impressionou mesmo foi o som.
Gostei da trilha sonora, dos sons escolhidos para cada momento do filme, especialmente o putamerda aquele que fica batendo quando tem vento. Não lembro o nome. Eu gostei muito da trilha com as vozes de crianças, mas aquela cena, o barulhinho daquele troço, eu achei genial.
O ator principal é bom. Logo que eu vi ele aparecer eu pensei "Ih...", mas o desempenho do cara acabou fazendo eu engolir o meu "ih...". Ele está bem no filme. Eu não gostei muito da menina e do artista. Mas eram elementos secundários, e tal. A cena dos holofotes também foi muito bem construída, eu gostei.
Não vi exagero nenhum, não vi os pequenos problemas que vi no Oculto. Está bem melhor produzido. Dá pra ver que deu mais trabalho, tem ângulos mais diversificados, mas não sei se não prefiro o trabalho de câmera do Oculto. Eu achei interessante a câmera no teto, o jogo de holofotes, mas sabe o que me impressionou mesmo? A cena em que ele estende o braço pra pegar o papel. Ou seja... eu não sou um grande juiz pra essas coisas. De qualquer forma, é a minha opinião, né? Então continuo:
Eu achei que faltou um pouco de trabalho da imagem do menino. Porque enquanto assisti o filme eu percebi que aquilo era importante pra trama, vi que deveria sentir mais curiosidade, mas continuei mais ligado no personagem. E não era essa a sua intenção, né? O cara deveria estar mais curioso a respeito do menino misterioso que aparece nos desenhos. Mas comigo não foi. Acho que alguns closes, algumas cenas a mais, teriam ajudado. Impressão minha.
Outra coisa. O professor é um cara calmo o filme inteiro. De repente ele começa a destruir a casa. Eu acho que isso merecia ou uma cena mais longa, pra mostrar a tensão escalando (porque o personagem não me parece do tipo que faz isso... sem um tratamento a coisa fica meio artificial) ou um corte seco, sem precisar mostrar ele destruindo nada, o que não condiz muito com a atuação dele. E deixar pro pessoal imaginar como ele foi parar ali com tudo caído, e quanto tempo se passou. Comento isso porque achei a cena meio estranha, do nada ele se irritar.
Eu acho interessante essa coisa de interpretação aberta. Cê provavelmente aprendeu os fundamentos da arte, da mesma maneira que eu; sabe que a arte deve perturbar, provocar, incitar, bem como vários outros "ar". Se você entrega tudo mastigadinho pro cara que está assistindo, isso diminui a mensagem da sua obra, obrigatoriamente. O que eu tive que fazer, no roteiro do Urubu. Mas enfim. Cê deixa o cara que assite só com os elementos necessários para produzir uma interpretação da história. Atira isso no colo dele e fala: "pensa". Eu gosto disso.
Ah, mais uma coisa. Achei o tempo meio embaralhado. Como é o mesmo personagem, de repente rola uma cena em que ele está em outro tempo, em outro lugar, você tem que parar pra se localizar. "Opa. Peraí. Onde estou, quem sou, pra onde vou? Ah, tá, entendi. Pode tocar." Mas nesse ponto você já desviou sua atenção e não se envolveu mais na história. Se você usasse um recurso que diferenciasse isso mais efetivamente, o filme seria mais envolvente. Uma cabeleira no ator, uma barba, roupas chamativas, sépia ou preto e branco... sei lá. Só pra te comunicar a dificuldade que tive.
Como cê vê, eu olho tudo pela perspectiva do fluxo de texto. Eu não tenho grande jeito pra entender cinema. Só consigo comentar o que vejo nas coisas. E geralmente olho mais pro lado do que me incomoda do que pro lado do que me parece legal. É inevitável, somos uns macacos carecas que adoram jogar merda, né? Mas gostei do filme. Da mesma forma que Oculto, é superior a muita coisa internacionalmente distribuída que ando baixando no computador.
Ah, e eu não falei muito do diretor no outro comentário porque me parece óbvio, né? Cê que conjugou todos aqueles elementos, pô. Mas vamos combinar que ficar pedindo crédito é total e completamente gay de sua parte.
Que foi? Não gostou?
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Pisa do outro lado dessa linha, procê ver!!!
Abração.